Carolina Linhares – Folha de S.Paulo
O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) pode ser o primeiro acusado do chamado mensalão tucano a ser preso, caso a 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negue o recurso que será julgado nesta terça-feira (24).
Apesar de ter começado a tramitar há nove anos ainda no STF (Supremo Tribunal Federal), o processo de Azeredo é o mais avançado entre os réus do caso, que ocorreu há 20 anos.
A denúncia oferecida em 2007 contra 15 pessoas aponta um esquema de desvio de dinheiro de estatais para financiar a fracassada campanha de reeleição de Azeredo em 1998.
Até hoje, além do ex-governador, dois envolvidos foram condenados e, mesmo assim, não estão tão perto da prisão quanto Azeredo.
Em outubro do ano passado, Renato Caporali Cordeiro, ex-diretor de uma estatal, foi condenado a quatro meses e 15 dias de prisão em regime aberto por desvio de dinheiro público.
Neste mês, Eduardo Pereira Guedes Neto, secretário-adjunto de Comunicação do governo Azeredo, recebeu pena de 17 anos e cinco meses de prisão por desvio e lavagem de dinheiro.
Nos dois casos, as sentenças foram de primeira instância e os réus podem recorrer em liberdade. Já Azeredo teve a condenação confirmada em segunda instância e, de acordo com o entendimento do STF, pode começar a cumprir pena.
Outros processos do mensalão tucano estão prontos para julgamento na primeira instância, como o que tem como réus Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. Eles são acusados de lavar dinheiro por meio de empresas de publicidade, mesmo esquema utilizado no mensalão petista, pelo qual os três foram condenados.
A ação de Clésio de Andrade (PSDB), ex-senador e então candidato a vice na chapa de Azeredo, também está pronta para julgamento desde dezembro.
Outros acusados, contudo, escaparam da punição. Walfrido dos Mares Guia, ex-vice-governador de Minas, Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha de Azeredo, e Lauro Wilson, ex-diretor de uma estatal, tiveram os crimes prescritos. Eles alcançaram os 70 anos de idade antes da condenação, o que reduz os prazos de prescrição.
Azeredo completa 70 anos em setembro, mas, embora possa ocorrer, a prescrição não é garantida no seu caso, já que já houve condenação.
Outro réu, Fernando Moreira Soares, morreu em 2015. José Afonso Bicalho, que atualmente é secretário da Fazenda de Minas Gerais, teve o processo remetido direto para a segunda instância, por ter foro especial.
Todos os acusados no mensalão tucano negam participação no esquema. O publicitário Marcos Valério assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e a Polícia Civil.
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