O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (28) que recomendou ao futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não fosse realizada no ano que vem no Brasil a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 25.
A Conferência do Clima da ONU discute mudanças climáticas no mundo e como as nações podem trabalhar para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, que provocam a elevação da temperatura no planeta.
Nesta quarta, o Ministério das Relações Exteriores divulgou nota segundo a qual, após “análise minuciosa dos requisitos” para sediar a COP 25, o governo brasileiro decidiu retirar a oferta para receber a conferência, em razão de restrições fiscais e orçamentárias e do processo de transição para a próxima administração.
“Houve participação minha nessa decisão. Nosso futuro ministro, eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil”, afirmou Bolsonaro.
Antes de Bolsonaro responder, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, coordenador do gabinete de transição, tentou orientar a resposta do presidente eleito. “Nós não temos nada a ver com isso. Isso é uma decisão do Itamaraty”, disse Onyx a Bolsonaro, em tom mais baixo. Mesmo assim, Bolsonaro respondeu dizendo que interferiu para que a conferência não acontecesse.
Segundo Bolsonaro, o país que mais preserva o meio ambiente no mundo é o Brasil. “Mas não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil. Hoje, a economia está quase dando certo por causa do agronegócio, e eles estão sufocados por questões ambientais”, declarou.
No começo de setembro, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris (assinado por 195 países com o objetivo de reduzir o aquecimento global) porque, no entendimento dele, o Brasil teria de abrir mão de 136 milhões de hectares na Amazônia e isso afetaria a soberania nacional.
Essa área, segundo sites de meio ambiente na internet, é apelidada de “Triplo A”, uma proposta de corredor ecológico internacional que ligaria os Andes ao Atlântico.
Durante entrevista nesta quarta, Bolsonaro falou do “Triplo A” ao responder uma pergunta sobre a desistência do Brasil de receber a COP 25.
Durante entrevista nesta quarta, Bolsonaro falou do “Triplo A” ao responder uma pergunta sobre a desistência do Brasil de receber a COP 25.
“Está em jogo o Triplo A nesse acordo. O que é o Triplo A? É uma grande faixa que pega dos Andes, Amazônia e Atlântico, 136 milhões de hectares, ali, então, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, e que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área”, disse.
“Quero deixar bem claro como futuro presidente que, se isso for o contrapeso, nós, com toda certeza, teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, eu não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos [pela realização da COP] que seriam, no meu entender bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento”, declarou.
“Quero deixar bem claro como futuro presidente que, se isso for o contrapeso, nós, com toda certeza, teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, eu não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos [pela realização da COP] que seriam, no meu entender bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento”, declarou.
Fonte: G1
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