domingo, 27 de janeiro de 2019

Acabou com a nossa cidade, diz prefeito de Brumadinho

Cleide Carvalho – O Globo
Nos últimos 10 anos, empreendedores investiram em turismo em meio à mineração
Nada é mais visível hoje em Brumadinho do que o desapontamento de seu povo. Não bastassem as mortes, o município ameaça entrar em colapso. As atividades da mina do Córrego do Feijão, segundo a Prefeitura, representam mais de 60% das receitas do município, incluídos ai os impostos pagos pelas empresas terceirizadas da mineradora.
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— Nós não esperávamos jamais enfrentar uma tragédia tão grande no município. Acabou com a nossa cidade — avalia.
O deslizamento da barreira da mina da Vale rompe, de forma trágica, a naturalidade como a população convive há mais de um século com a mineração. Situado no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, o município nasceu como povoado no caminho dos portugueses, que iam atrás do ouro nas minas de Mariana e Ouro Preto. O centro da cidade, por exemplo,  surgiu com a estação ferroviária, construída para servir à extração e exportação de minério de ferro.
 Não é raro ver mais de uma pessoa de uma mesma família na lista de desaparecidos no deslizamento da Mina do Córrego do Feijão. Por aqui, quem não trabalha na Vale tem um parente que presta serviço lá.  Na arrecadação total do município, de cerca de R$ 175 milhões, o imposto da mineração representa apenas 22%. 
Para evitar o colapso, o prefeito vai pedir que a Vale continue a pagar o salário de todos os funcionários que ficarão parados e não cesse, em momento algum, o recolhimento do imposto da mineração, chamado Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Com a destruição total de uma pousada pela lama da mina, o futuro do turismo também passou a ser incerto.
— Quem vai querer passar férias onde houve uma tragédia? Quem vai indenizar todas essas pousadas paradas? — indaga uma fonte ouvida pelo GLOBO, que não quis ser identificada.

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