O leilão em bloco do aeroporto do Recife e de outras cidades do
Nordeste, planejado pela gestão Bolsonaro para a próxima sexta-feira (15), foi
duramente questionado pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), nesta
segunda (11). Em uma semana decisiva para Pernambuco, a ideia da equipe
do governo é leiloar três blocos de aeroportos: o do Nordeste, o do
Centro-Oeste e do Sudeste.
De acordo com o senador, até o Ministério Público Federal (MPF) já
constatou que haverá prejuízo ao terminal aeroportuário da capital pernambucana
e que não existe nada no processo do governo federal que garanta o sucesso do
formato.
Ele lembrou, inclusive, que o MPF orientou o Tribunal Regional Federal da 5ª
Região a aceitar a ação e suspender o processo até que existam estudos
conclusivos sobre a concessão, com garantia para todos os participantes.
“O aeroporto do Recife é o líder em movimento de passageiros no
Nordeste e sairá no prejuízo com o formato da licitação em bloco estabelecido
pelo governo. Pernambuco não quer ser melhor do que nenhum outro estado. Nós
insistimos que a privatização deve ser realizada, mas de forma individual, como
foi feita até o momento”, afirmou.
Humberto garante que a mudança do modelo em que os aeroportos eram
privatizados de forma individual para o formato de blocos foi tomada sem
nenhuma base consistente e sem estudos aprofundados sobre a viabilidade da
alteração.
Para o parlamentar, foi uma decisão política para garantir a
privatização de aeroportos que apresentem lucros muito baixos ou mesmo são
deficitários e prejudicar os que apresentam bons resultados. Assim, optaram por
agrupar os terminais.
“A perda de competitividade do aeroporto do Recife por ser
constatada por meio de várias comparações com terminais do Nordeste já privatizados
individualmente. A primeira delas é com o aeroporto de Natal, que mesmo tendo
apenas 28% do número de passageiros do Recife (2,3 milhões contra 8,2 milhões),
receberá R$ 650 milhões em investimentos, ou 77% do total da capital
pernambucana”, observou.
O líder do PT também garantiu que o nível de investimento do
Recife, em relação a Fortaleza, que recebe quase dois milhões de passageiros a
menos por ano, está muito baixo. Enquanto a capital cearense vai ganhar R$ 1,4
bilhão, o terminal pernambucano vai contar com apenas 60% desse montante.
O senador também ressalta que, quando a comparação é com Salvador,
que também recebe menos passageiros do que o Recife (7,7 milhões), os números
ficam ainda piores. O aeroporto baiano receberá R$ 2,8 bilhões em
investimentos, ou seja, 330% a mais do que o previsto para o Recife, que será
privatizado em bloco.
“A dificuldade de se manter o nível de investimento no aeroporto
do Recife da mesma forma que foi feito com os demais concorrentes nordestinos está
no fato de que o vencedor do leilão vai precisar investir no nosso terminal e
em mais cinco, todos eles com dificuldades financeiras”, sublinhou.
Ele chamou a atenção para disparidade do bloco do leilão do
Nordeste para os dois aeroportos da Paraíba, João Pessoa e Campina Grande, que
fecharam 2017 com um balanço de R$ 15 milhões negativos. Enquanto isso, o
aeroporto do Recife fechou o mesmo ano com um saldo positivo de R$ 130
milhões.
“Está muito claro que todo o lucro do Recife será drenado para a
manutenção dos outros cinco, assim como para garantir os investimentos em todos
do bloco Nordeste. Ao invés de o lucro ser reinvestido no próprio terminal, o
dinheiro será dividido entre todos, contribuindo assim com a perda de
competitividade em relação aos concorrentes nordestinos. É um pleito encampado
pela bancada pernambucana, diante do imenso prejuízo que ameaça nosso
aeroporto”, reiterou.
O parlamentar disse que a expectativa é que a liderança de movimentação
de passageiros no Recife seja perdida para Salvador e até mesmo Fortaleza,
prejudicando uma rede de 52 segmentos da economia que se beneficiam diretamente
do turismo e, por consequência, da excelente fase do aeroporto do Recife.
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