sexta-feira, 27 de julho de 2018

Pais de Beatriz contestam versão de funcionário contratado por colégio e afirmam que não vão permitir “nova injustiça” contra sua filha

Indignados contra a nota divulgada pelo funcionário que prestou serviços para o Colégio Maria Auxiliadora, onde a menina Beatriz Angélica Mota foi assassinada a facadas, aos sete anos de idade, os pais dela – Sandro Romilton e Lúcia Mota – voltaram a se manifestar. Eles contestaram veementemente as declarações de Allinson Henrique de Carvalho Cunha, acusado de ter apagado parte das imagens das câmeras de monitoramento do colégio na noite do crime (ocorrido em 10 de dezembro de 2015) e garantiram que não vão permitir “uma nova injustiça” contra sua filha.
Confiram:
Nós, os pais de Beatriz Angélica, somos a parte mais interessada na resolução dessa situação. Não somos irresponsáveis, nem levianos e principalmente não gostaríamos de ser testemunhas de mais uma injustiça na sociedade.
Sempre cobramos, principalmente das autoridades policiais, uma resposta célere e contundente. Desde o início participamos e colaboramos incansavelmente para que tudo seja esclarecido, custe o que custar, seja o que for, doa a quem doer. Sofremos diariamente com a angústia e impotência diante de situações que são reveladas oficialmente, e muito mais com os vazamentos de informações (que deveriam estar sob sigilo) nas redes sociais.
A cada nova revelação nos apegamos profundamente com a esperança renovada de termos um fechamento dessa tragédia que todos vivemos. Quando soubemos que as imagens haviam sido adulteradas ou apagadas, tivemos a certeza de que o caso seria solucionado naquele momento. Eis aí a ponta do novelo.
Não foi imputada a autoria de crime de homicídio a Allinson Henrique de Carvalho Cunha, mas sim a prática de crimes diversos que, de alguma forma, contribuíram para que até agora não se chegasse ao resultado esperado por todos.
A equipe da Polícia Civil de Pernambuco periciou os equipamentos de gravação de imagens e foi comprovada a prova da materialidade e autoria dos crimes previstos nos artigos 342 caput, e 347 do Código Penal, apontando o ex-funcionário do Colégio Maria Auxiliadora, de Petrolina-PE, como o responsável por deletar imagens captadas por câmeras em que aparece o suspeito do assassinato de nossa Beatriz.
Pois bem, a força-tarefa do Ministério Público acatou e ratificou esse pedido de prisão preventiva. A juíza Elena Ribeiro também entendeu que tanto a prova da materialidade quanto a autoria desses crimes estavam presentes. O único motivo do indeferimento foi relativo ao tempo da prática dos crimes praticados por ele, Allinson Henrique, cometidos em 2016.
Em relação a esse argumento temos que perceber é que esse fato em si foi o mote do comprometimento de quase toda a investigação, porque a partir do momento em que se deletou as imagens, não se pôde mais chegar com precisão ao autor ou autores do fato criminoso. Então, a questão da contemporaneidade não deveria ser vista no dia de hoje, mas em relação ao  comprometimento que essa ação lá atrás trouxe para toda a investigação policial. Não é porque o crime é mais ou menos grave que eu vou dizer se deve ou não ser preso. O que se busca com a prisão nessa situação específica é a solução do inquérito policial. É a conveniência para a instrução processual futuramente.
Em notas à imprensa, tanto o Colégio Maria Auxiliadora quanto seu ex-funcionário Allinson Henrique, querem inculcar nas pessoas de que a responsabilidade por ter apagado as imagens é da Polícia Civil de Pernambuco. Isso é lamentável. Contra provas não há argumentos. A verdade prevalecerá.
Iremos recorrer dessa decisão que achamos ser bastante injusta. Acreditamos nas instituições e no poder público. Cremos principalmente em Deus. Não permitiremos que outra injustiça seja cometida contra nossa princesa Beatriz.
Lucinha Mota e Sandro Romilton

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